quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Sistema de Ensino Parte I

Nós alunas do PEAd, temos o privilégio de estarmos realizando um curso de graduação que estabelece relações diretas com a teoria e a prática. Sempre afirmo sem medo de estar sendo demagoga, que aprendi nestes três anos, muitas aprendizagens que vão além das tecnológicas. É claro que para quem era analfabeta digital as aprendizagens tecnológicas são muito significativas e fazem um grande diferencial. Neste semestre, por exemplo, estamos recebendo capacitação da ISMED, para informatizarmos as bibliotecas das escolas de forma padronizada, constatei no curso, que as colegas da minha faixa etária estavam em “pânico”, pois pouco sabiam fazer uso das ferramentas tecnológicas, coisas que para mim fazem parte do meu cotidiano.Então estou podendo auxiliar na apropriação do uso que as ferramentas tecnológicas.
Entretanto o foco desta postagem é uma reflexão sobre o que estamos aprendendo no curso e prática de nossas escolas. Percebo em nosso sistema de ensino uma rede descontextualizada da realidade em que o aluno está inserido.
Segundo Hilton Japiassu “A especialização sem limites culminou numa fragmentação crescente do horizonte epistemológico. Chegamos a um ponto que o especialista se reduz àquele que, a causa de saber cada vez mais sobre cada vez menos, termina por saber tudo sobre o nada, (...)”. Para ilustrar vou usar um exemplo que acompanho a alguns anos. Em fevereiro de 2004 ingressou numa escola a criança K, com 4 anos e 6 meses, onde durante dois anos seguidos aluna amava a escola, era considerada excelente em tudo. Então no final de 2005, foi efetuada a matrícula para K cursar em 2006 a primeira série, ainda do ensino de 8 anos. A mãe da aluna tentou argumentar se não seria aconselhável que a criança fizesse mais um ano de jardim B, já que pela lei ela não tinha idade, ( a lei previa que aluno completasse os 7anos até junho) e aluna faria aniversário em agosto, mas a posição da professora foi ao contrário, afirmou que a criança era muito esperta e estava pronta para uma primeira série.
No ano de 2006, na primeira entrega de avaliação, a professora da primeira série afirmou que a aluna “acompanhando a turma”. Então a mãe comprometeu-se em auxiliar dedicando mais tempo para ajudar K, a alfabetizar-se. Em dois meses K saiu do silábico e estava lendo tudo, mas a escrita deixava a desejar...No ano seguinte K chegava em casa e dizia para a sua mãe “ ...Eu gosto de estudar, mas me dá uma tristeza, quando vejo o quadro cheio...parece que nunca vou terminar de copiar...”. Na terceira série, em 2008, a aluna começou a questionar o porquê de ter que dedicar-se muito para a realização de tantas atividades escolares e mesmo assim não obter notas boas, pois, apesar de ter um raciocínio lógico bom, ser bastante criativa, sua escrita apresenta muito erros ortográficos, colocando s aonde vai ç, esquecendo pontuação, letra maiúscula etc. Paralelo a isso K sempre participou de projetos extra classe, principalmente os ligados aos esportes, como Ginástica Olímpica, Mini Tênis, futsal, Capoeira, dos quais sempre obteve êxito com diversas medalhas.
Este ano a aluna está na quarta série com mais professoras, que se preocupam muito em vencer os conteúdos. K, já não tem muito tempo para brincar, pois não vence realizar as atividades na escolas trazendo-as para terminar em casa juntamente com o tema para casa, cito o exemplo da semana passada que eram expressões numéricas envolvendo as quatro operações com dezenas e unidades de milhar da letra A ao N. A criança levou 3 horas fazendo. Nessa mesma semana a mãe foi chamada na escola para conversar com as professoras porque a aluna não havia alcançado nota nas avaliações feitas. Em casa foram intensificadas as cobranças e nesta última semana K está doente. Ganha dor de barriga, febre está deprimida. A mãe foi chamada duas vezes na escola para buscá-la. Percebendo algo errado a mãe procurou a coordenação da escola em busca de ajuda.
Segundo Piaget e os estádios do desenvolvimento, o Período Operacional concreto ( 6 a 12 anos): conforma a experiência física e concreta se vai acumulando, a criança começa a conceitualizar, criando "estruturas lógicas" para a explicação das suas experiências mas ainda sem abstração.
Então que escola é essa que temos, a qual oferece um ensino tão fragmentado e não leva em consideração a fase em que o alunos, encontram-se?