segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Sistema de Ensino Parte II

“Muito temos aprendido e muito temos ainda a aprender, mas também já construímos algumas certezas”. ( Freire, !996).
A principal certeza que construímos até agora é de que preciso haver mudanças, sabemos da importância da conscientização de toda a comunidade escolar para ocorrer mudanças significativas no Sistema de Ensino Brasileiro.
Prosseguindo com a história de K... Na escola a mãe foi recebida pela Coordenadora Pedagógica e pela Vice Diretora, após o relato da situação da filha, a mãe procurou deixar claro que não estava lá para criticar ou reclamar, mas sim, para buscar pareceria e ajuda para evitar que num futuro a filha possa fracassar na escola. A equipe diretiva demonstrou concordar com a mãe, mas argumentou que “a escola recebe os Planos de Estudos, que devem ser seguidos, e que definitivamente os professores não estão preparados para trabalhar de outra forma que não seja a que está em vigência...”. Resumindo, disseram entender as preocupações da mãe, mas jogaram a culpa ao Sistema de Ensino e aos professores de sala de aula.
A aluna K, continua trazendo para casa enormes quantidades de atividades pendentes, com apenas 10 anos, acorda na madrugada e não consegue dormir preocupada com a aula no dia seguinte. Tem dificuldade de concentração, está sempre tristonha e está sempre preocupado com as tarefas escoares. K, sempre foi uma criança alegre, cheia de vida e alegre, mas parece que o sistema escolar a está empurrando para um caminho que vão a maioria dos alunos das escolas brasileiras.
Gostaria de salientar que a história de K, é real e representa milhares de crianças que entram na escola, idolatrando a professora, amando a escola e saem com o estigma do fracasso escolar proporcionado pelo próprio sistema.
Penso que a cada dia que passa aprendemos mais com o PEAD, mas quando nos deparamos com a realidade na qual estamos inseridos, percebemos que muito temos ainda que aprender e mudar em nosso Sistema de Ensino e consequentemente em nossa prática educativa.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Sistema de Ensino Parte I

Nós alunas do PEAd, temos o privilégio de estarmos realizando um curso de graduação que estabelece relações diretas com a teoria e a prática. Sempre afirmo sem medo de estar sendo demagoga, que aprendi nestes três anos, muitas aprendizagens que vão além das tecnológicas. É claro que para quem era analfabeta digital as aprendizagens tecnológicas são muito significativas e fazem um grande diferencial. Neste semestre, por exemplo, estamos recebendo capacitação da ISMED, para informatizarmos as bibliotecas das escolas de forma padronizada, constatei no curso, que as colegas da minha faixa etária estavam em “pânico”, pois pouco sabiam fazer uso das ferramentas tecnológicas, coisas que para mim fazem parte do meu cotidiano.Então estou podendo auxiliar na apropriação do uso que as ferramentas tecnológicas.
Entretanto o foco desta postagem é uma reflexão sobre o que estamos aprendendo no curso e prática de nossas escolas. Percebo em nosso sistema de ensino uma rede descontextualizada da realidade em que o aluno está inserido.
Segundo Hilton Japiassu “A especialização sem limites culminou numa fragmentação crescente do horizonte epistemológico. Chegamos a um ponto que o especialista se reduz àquele que, a causa de saber cada vez mais sobre cada vez menos, termina por saber tudo sobre o nada, (...)”. Para ilustrar vou usar um exemplo que acompanho a alguns anos. Em fevereiro de 2004 ingressou numa escola a criança K, com 4 anos e 6 meses, onde durante dois anos seguidos aluna amava a escola, era considerada excelente em tudo. Então no final de 2005, foi efetuada a matrícula para K cursar em 2006 a primeira série, ainda do ensino de 8 anos. A mãe da aluna tentou argumentar se não seria aconselhável que a criança fizesse mais um ano de jardim B, já que pela lei ela não tinha idade, ( a lei previa que aluno completasse os 7anos até junho) e aluna faria aniversário em agosto, mas a posição da professora foi ao contrário, afirmou que a criança era muito esperta e estava pronta para uma primeira série.
No ano de 2006, na primeira entrega de avaliação, a professora da primeira série afirmou que a aluna “acompanhando a turma”. Então a mãe comprometeu-se em auxiliar dedicando mais tempo para ajudar K, a alfabetizar-se. Em dois meses K saiu do silábico e estava lendo tudo, mas a escrita deixava a desejar...No ano seguinte K chegava em casa e dizia para a sua mãe “ ...Eu gosto de estudar, mas me dá uma tristeza, quando vejo o quadro cheio...parece que nunca vou terminar de copiar...”. Na terceira série, em 2008, a aluna começou a questionar o porquê de ter que dedicar-se muito para a realização de tantas atividades escolares e mesmo assim não obter notas boas, pois, apesar de ter um raciocínio lógico bom, ser bastante criativa, sua escrita apresenta muito erros ortográficos, colocando s aonde vai ç, esquecendo pontuação, letra maiúscula etc. Paralelo a isso K sempre participou de projetos extra classe, principalmente os ligados aos esportes, como Ginástica Olímpica, Mini Tênis, futsal, Capoeira, dos quais sempre obteve êxito com diversas medalhas.
Este ano a aluna está na quarta série com mais professoras, que se preocupam muito em vencer os conteúdos. K, já não tem muito tempo para brincar, pois não vence realizar as atividades na escolas trazendo-as para terminar em casa juntamente com o tema para casa, cito o exemplo da semana passada que eram expressões numéricas envolvendo as quatro operações com dezenas e unidades de milhar da letra A ao N. A criança levou 3 horas fazendo. Nessa mesma semana a mãe foi chamada na escola para conversar com as professoras porque a aluna não havia alcançado nota nas avaliações feitas. Em casa foram intensificadas as cobranças e nesta última semana K está doente. Ganha dor de barriga, febre está deprimida. A mãe foi chamada duas vezes na escola para buscá-la. Percebendo algo errado a mãe procurou a coordenação da escola em busca de ajuda.
Segundo Piaget e os estádios do desenvolvimento, o Período Operacional concreto ( 6 a 12 anos): conforma a experiência física e concreta se vai acumulando, a criança começa a conceitualizar, criando "estruturas lógicas" para a explicação das suas experiências mas ainda sem abstração.
Então que escola é essa que temos, a qual oferece um ensino tão fragmentado e não leva em consideração a fase em que o alunos, encontram-se?

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Letramento e Alfabetização

Em nosso cotidiano sempre nos deparamos em situações que exigem alfabetização e letramento. Entretanto sabemos que se diferenciam em alguns aspectos uma da outra.
Em linguagem simples podemos dizer que a alfabetização está vinculada a decifração de códigos da língua oral e escrita. Já a definição de letramento, segundo o texto dr Kleiman, “ é um conjunto de práticas sociais que usam a escrita, enquanto sistema simbólico e enquanto tecnologia, em contextos específicos, para objetivos específicos (cf. Scribner e Cole, 1981). Dessa forma existem diversas formas de letramento que são adequadas para determinadas realidades culturais e sociais.
Sabemos que os problemas de analfabetismo causam um ciclo de empobrecimento cada vez maior em nosso país, reproduzindo a miséria, a baixa qualidade de vida, dependência e a discriminação. A escola, por sua vez, apresenta um sistema de ensino muito mecanizada, voltada para uma realidade que não condiz com a clientela que tem, não sabendo aproveitar e associar as vivências, a oralidade e a forma individual de cada região. Já que temos uma grande diversidade que varia de região para região e de cultura para cultura.
Penso que precisamos de ações que promovam uma escola inclusiva, que esteja sincronizada com as vivências de cada povo e região. A linguagem escrita e oral deve ser explorada de forma significativa para cada um que busca uma educação tranformadora.
“Os problemas causados pelo analfabetismo são as principais razões do ciclo permanente de pobreza e subdesenvolvimento em que muitos países se encontram. (Correio Braziliehse, 7/9/1989).

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Didática

Para o trabalho docente é imprescindível a didática, entretanto sabemos que existem diferentes maneiras do profissional utilizar-se desta. Comênios, considerado o pai da didática, há mais trezentos, afirmava em sua “Didática Magna” a necessidade de se encontrar métodos onde os professores ensinassem menos e os alunos aprendessem mais. Onde seria possível ensinar tudo a todos. Apesar de terem se passado tanto tempo, essas idéias se fazem necessárias em pleno século XXI.
A escola de hoje precisa ser espaço atrativos para os alunos, com atividades menos mecanizadas e que tenham relação com o contexto em que os educando estão inseridos tendo algum significado que este possa levar vida a fora.
A escola de hoje ainda está muito atrelada a burocracia e organização curricular feita por alguns que desconhecem toda a diversidade e peculiaridade de cada região.
Acredito que o aluno precisa ser estimulado a explorar todo seu potencial de criatividade e descoberta, pois assim estará crescendo com autonomia e aprende o prazer de aprender. O professor tem o papel de facilitador e estimulador, ou seja, deve apontar caminhos, aprender a partir da individualidade de cada aluno incentivar sempre.
Na escola em que atuo atendo alunos com dificuldades de aprendizagens. Quando chegam para a aula eles esperam quantidades de exercícios mecanizados, mas ao encontrar materiais concreto e, na maioria das vezes, resolver uma situação partindo da realidade deles, esquecem que estão na aula, tornando-se crianças que brincam, criam e chegam a suas próprias conclusões. Entretanto com os alunos maiores tenho dificuldades de trabalhar dessa forma, pois eles não querem pensar para resolver uma história matemática, procurando sempre perguntar: “ É de mais, ou de menos”.
Penso que está nas mãos do professor o poder de despertar em seus alunos o interesse, a curiosidade e o prazer da descoberta.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Alfabetização de Jovens e Adultos-EJA

Ao realizar as leituras dos textos: "Parecer sobre as Diretrizes Curriculares" de Jamil Cury e "Jovens e Adultos como Sujeitos de Conhecimento e Aprendizagens", de Martha Kohl de Oliveira, percebi que tratam de questões que já são nossas velhas conhecidas. Já no semestre anterior tratamos das questões dos direitos humanos como a inclusão social de Pessoas com necessidades especiais e também dos negros, índios e pobres.
Pelo panorama apresentado essa é também uma questão que trata da inclusão de milhares de brasileiros. Fiquei alarmada de que no Brasil existem mais de quinze milhões de pessoas acima dos dezesseis que são analfabetos. Ora, como constatei existem leis que garantem a acessibilidade a todos a alfabetização mesmo que essa não tenha acontecido na idade adequada. Entretanto, em nosso país, existem muitas leis que ficam somente no papel e que por falta de vontade política e até mesmo conscientização da própria população em exigir seus direitos ficam colocadas em segundo plano. O perfil das pessoas analfabetas reflete algumas questões culturais e históricas como a das famílias residentes na zona rural e também o próprio sistema capitalista que procura reproduzir um povo ignorante na parte da escolarização para poder manipular a vontade.
Sapiranga representa uma semelhança muito grande com o perfil da maioria dos analfabetos do restante do país, ou seja, muitos são migrantes do interior rural do Rio Grande do Sul, que desescolarizados, vieram em busca de uma vida melhor. A vinte ou trinta anos atrás aqui chegavam e logo arrumavam empregos nas fábricas de calçados, mesmo não sabendo ler e escrever. Mas, hoje, tudo mudou, as empresas pedem currículo, escolaridade de Ensino Fundamental, para serviços gerais e com isso cresceu a miséria e a pobreza.
Para muitas gerações é uma questão cultural onde, desde muito cedo precisam aprender a sobreviver perpetuando as situações de analfabetismo.