quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Constuções concepções de mundos: a perpectiva Marxista e a educação.

Construções de concepções de mundo: a perspectiva marxista de educação.


"A doutrina materialista relativa à mudança de circunstâncias e à educação esquece que elas são alteradas pelo homem e que o educador deve ser ele próprio educado. Portanto, esta doutrina deve dividir a sociedade em duas partes, uma das quais [os educadores] é superior à sociedade. A coincidência da mudança de circunstâncias e da actividade humana ou da auto-mudança pode ser concebida e racionalmente entendida apenas como prática revolucionária".
Marx
Essa afirmação de Karl Marx, que fundou a doutrina marxista na década de 1840, onde revolucionou o pensamento filosófico, especialmente pelas conotações políticas explicitas nas suas idéias. Também da ênfase para a alienação presente na sociedade e declara que o homem está sempre em processo de mudança desde que nasce até a morte. Mas a sociedade como um todo sofreu e sofre mudanças influenciadas pelo sistema. Sistema esse de capitalismo, onde os dominantes procuram manter-se no poder, acumulando riquezas materiais mantendo sempre o controle, principalmente através do sistema educacional para reproduzir um modelo de cidadão politicamente e socialmente “correto” que venha de encontro aos interesses dos dominantes.
No Brasil temos uma trajetória histórica da educação que vem desde dos tempos do Brasil colônia(1500/18220) com a educação jesuítica de catequese, passando pelo Brasil Império(1822/1889) com o Elitismo, Escolas Étnicas e a Educação nas Constituições. O Brasil República ( a partir de 1889) evoluiu bastante, principalmente em relação a educação, principalmente no que se refere a obrigatoriedade da escola pública, o direito de todos dedes da Educação Infantil até o Ensino Médio.
Existe uma distância muito grande entre o que está na constituição que rege o Sistema de Educação do Brasileiro e o que realmente está na prática.O nosso sistema de Ensino ainda reproduz um modelo de educação que atende aos interesses do capitalismo ainda oferecendo uma educação visa formar cidadão para serem inseridos no mercado de trabalho. E o mercado de trabalho segue as tendências mundiais com a globalização, neoliberalismo. Como que as chamadas classes populares poderão ter acesso a uma educação de qualidade, que possibilitem formar pessoas realmente aptas e capazes de transformar a realidade que as cercam se o sistema ainda não oferece a escola que realmente precisamos. Citando como exemplo o nosso município (Sapiranga), que ainda não consegue atender toda a demanda de Educação Infantil, as escolas Estaduais perdem muito em qualidade por falta de professores, faltam recursos básicos, estrutura física e outros.
Segundo Mézáros, que nos proporciona um diálogo entre a teoria marxista e sua evolução até os dias de hoje em nossa sociedade: “A alienação é um tipo de controlador do capital, que não se preocupa como destino do planeta, mas com sua própria reprodução infinita. A ironia da humanidade é que conseguiu desenvolver instrumento suficiente para manter-se, para que todos tenham o que comer, mas são usados para estimular uma realidade destrutiva. A lógica do capital é estimular a alienação, pois faz com que a população aceite esse paradoxo. A alienação leva a racionalização da insanidade, o que cria a ilusão de ser a ordem correta das coisas. É o modo como se gera a ideologia dominante”. É comum encontrarmos determinadas posturas em pais e até mesmos professores de que a educação é para quem pode, como se o fato dos menos favorecidos estarem fadados a levarem o rótulo de “incapazes” para não dizer “burros” pelo fato de terem dificuldades de freqüentarem a escola com o mesmo êxito dos que têm mais. Podemos citar o exemplo do acesso as universidades públicas, onde a grande maioria dos que entram pelo atual sistema, são os que podem freqüentar cursinhos pré-vestibular, tem todos os recursos necessários para uma boa aprendizagem desde da mais tenra idade. E o principal de tudo não têm que trabalhar para se sustentar ou ajudar a família. Como podemos chamar isso de direitos iguais, que se não estudam é por que não querem, são vadios...
O que devemos fazer nós, professores, como sujeitos ativos dessa concepção???

Um comentário:

Simone Bicca Charczuk disse...

Oi Elci, essa tua discussão está muito interessante, trazes elementos teóricos para pensarmos a atual organização da atuação. Fechas o teu texto com um importante questionamento. Abração, Sibicca