sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Apresentação em workshop

O nosso colega de Pead do Pólo de Gravataí nos mandou um e-mail com o endereço do seu blog, o qual tem uma postagem muito interessante. A postagem refere-se a como devemos proceder numa apresentação de workshop. Ao ler, lembrei-me de como tive dificuldade de realizar a primeira apresentação, pois afinal de contas , até então eu não tinha a mínima idéia do que era e de como fazê-la. Agora que já sei o que é e como se faz, percebo que tenho muito a melhorar e a aprender. Portanto tomo a liberdade de tomar emprestada o que o colega elaborou.
Professor José Roberto Iglesias

Na tarde de 30 de setembro, o professor do instituto de Física da UFRGS, José Roberto Iglesias, presenteou aos alunos da Universidade com uma esclarecedora palestra – Como Elaborar Uma Apresentação Oral. Estive presente ao seminário temático e registro neste breve texto algumas orientações bastante significativas para os workshops que ocorrem nos finais de cada semestre. Convido a todos que lerem a deixar suas sugestões, ou seja, suas dicas para as apresentações de seus colegas. Eu particularmente, prefiro que os slides de Power Point tenham fundos discretos e de cores mais escuras. O professor Iglesias sugere fundos claros, mas deixou explícito que isso é uma preferência sua, bastante pessoal.
No texto abaixo, procurei ser fiel ao que foi dito pelo professor, mas me permiti acrescentar, por exemplo, que na hora de animar os slides do Power Point devamos evitar os “barulhinhos” que seguem cada movimento na tela. Como é uma constatação pessoal, de que passados os primeiros minutos estes sons se tornam irritantes, permiti-me sugerir sua supressão. Cada colega, tutor ou professor teria suas dicas. Que tal compartilharmos? Para tanto, favor utilizar o campo para comentários. Meu objetivo é reuni-los em uma única postagem e encaminhar para todos os colegas antes do próximo workshop.
Mas vamos às conclusões quanto as orientações do professor...

Quando se faz um trabalho de pesquisa, chegando este trabalho a algum resultado, ele ainda não está concluído até ser apresentado, seja de forma escrita – artigo, livro, pôster, painel, etc – ou por meio de uma exposição oral. A exposição oral é composta basicamente de projeção de imagens em uma tela ou pela utilização de cartazes (parte audiovisual) além da parte falada propriamente dita.

Mas como fazemos para que esta apresentação consiga tanto transmitir o resultado de nossas pesquisas em um tempo exíguo, quanto atrair a atenção daqueles que porventura estejam nos assistindo?

Em um curto espaço de tempo, é necessário oferecer uma condensação do assunto do trabalho de pesquisa, assim como a motivação deste trabalho – porque escolhi determinado tema – sem esquecer os referenciais teóricos. Obviamente, é imprescindível comunicar o resultado da pesquisa, assim como fechar a apresentação com as conclusões a que se chegou através da mesma. Importante: se a pesquisa já foi desenvolvida anteriormente por outro pesquisador, é importante destacar os resultados por esse obtidos.

Como se trata de uma apresentação, faz-se necessário estar preparado para perguntas que porventura venham a ser feitas. Aquele que apresenta pode induzir determinados questionamentos – o que não o dispensa de estar preparado para outros pontos a ponderar – apenas fazendo com que a banca e a audiência percebam certas provocações para tanto. Uma dica é fazer uma afirmação que suscitará uma pergunta posterior ou, ainda, não se aprofundar em um determinado dado apresentado em seu tempo para a exposição, o que fará com que no momento para as discussões ele seja evidenciado.

Antes de considerarmos a apresentação em si, foquemos primeiramente naquele que irá apresentar-se. Fica a questão: qual uma postura adequada para uma apresentação oral?

Dois aspectos podem ser destacados: a presença física e a fala usada na apresentação.

A primeira impressão: a apresentação pessoal não pode ser desleixada ou seu oposto exagerado, quando o esmero no vestir-se chama mais atenção à roupa que ao discurso. Não confundamos excesso de esmero com o saudável capricho. O que é positivo recordar é que não se está em uma “semana da moda” quando um aluno se apresenta para professores e colegas. Do mesmo modo, com respeito ao desleixo, este induz o público a pensar que estamos a tratar o momento com igual descaso, ou seja, que representa muito pouco na nossa trajetória acadêmica e pessoal. Se o próprio autor não valoriza o momento, por que os outros o fariam por ele?

O segundo aspecto é a linguagem: evitar a linguagem coloquial ou com gírias é altamente recomendável. Contudo, utilizar um vocabulário extremamente hermético não causará uma boa impressão. Ser natural, utilizando uma linguagem adequada ao tema e do entendimento dos presentes, certamente é o caminho para que a comunicação se efetive.

Particularmente, não deixaria de destacar, ainda a respeito da linguagem, a importância de se evitar vícios ao final das frases, tais como “né” ou “entende?”, posto que o primeiro é bastante irritante, enquanto o segundo subestima as pessoas que o ouvem, além do que a obrigação de se fazer entender é do aluno. Contudo, não só ao final de frases aparecem estes vícios; as expressões “então” e, mais recentemente, “olha só”, são utilizadas inadvertidamente na linguagem cotidiana que se dá entre certos amigos, mas deve-se deixá-las exclusivamente para o trato com seus pares.

Tendo deixado claro a importância do cuidado na postura e na fala, consideremos uma apresentação com recursos visuais para fins deste texto. Nesta, a primeira transparência, slide ou cartaz, necessariamente deve conter um título. Este título deve estar claro, bem evidente, e ser breve, com o emprego de poucas palavras. Um título como “Ações pedagógicas nas escolas municipais na modalidade EJA nos bairros de periferia do município de Gravataí entre 2001 e 2007 no que se refere à propagação da dengue” parece demasiado longo, passando a idéia de pouca concisão. Outro erro seria a utilização de um vocabulário tão restrito a determinado público a ponto de dificultar uma antecipação do foco da pesquisa. O que você esperaria de uma apresentação cujo título seja “Psicologia Topológica em Rutenatos”? Seriam “rutenatos” uma espécie de ratazanas egípcias? As ratazanas estariam sendo utilizadas em tratamentos psicológicos? E o qual a relação, afinal, encontrada entre a psicologia e a topologia, uma disciplina matemática?

Tendo entendido a importância de um bom título, passemos para uma seguinte questão importante na apresentação oral. Em alguns casos é importante destacar a situação geográfica, ou seja, a localização do espaço onde foi desenvolvido o trabalho de pesquisa. Uma das formas mais simples é a utilização de um mapa, dirimindo qualquer dúvida que possa existir quanto à situação geográfica.

Igualmente importante é não esquecer de colocar no slide inicial os nomes dos colaboradores do seu trabalho. Não se faz necessário ler seus nomes, mas o destaque é, no mínimo, um reconhecimento ao auxílio recebido. Em resumo, a introdução de sua apresentação deve trazer o título, o espaço geográfico e os colaboradores, sem esquecer seu próprio nome, assim como o nome da instituição de ensino, no caso, a UFRGS.

Em seguida, vem a motivação para a pesquisa, ou seja, o motivo para a escolha do assunto que será apresentado. É aqui que você tem uma primeira oportunidade real de conquistar a audiência para a sua apresentação. Torne sua motivação atraente aos demais, o que pode ser feito através de uma frase ou imagem provocadoras. Você já estará induzindo uma intervenção posterior do público ou banca.

O terceiro ponto de uma apresentação é o marco teórico, ou seja, qual é o escopo dentro do qual se encontra o assunto do qual se está a tratar. Para isso recorre-se à bibliografia que referenda seu trabalho, evitando uma lista longa demais de referências. O ideal seria destacar um teórico, dentre os nomes apresentados, trazendo sua fotografia, a imagem da capa de uma importante publicação sua e, o que soa muito apropriado, a reprodução de uma determinada página de destaque, o que confere uma certa atmosfera “histórica” ao slide. Não é indispensável, mas o slide seguinte pode trazer uma citação deste autor e de mais algum, dentre os teóricos citados.

Todos os dados utilizados precisam vir com a fonte. Por exemplo, ao utilizar um dado do IBGE, é imprescindível acompanhá-lo do nome do Instituto, assim como o ano em que foi gerado aquele determinado índice utilizado em sua apresentação. Se os dados são da autoria do próprio aluno, este pode indicar expressamente seu nome na fonte. Se os dados estiverem acompanhados de gráficos, utilize um slide para cada gráfico, não esquecendo de deixar claro o significado de cada eixo do mesmo.

Neste ponto a apresentação está em pleno andamento. Chegou a hora de apresentar um texto seu, mas cuide para que este não tenha muitas linhas. Motivo: as pessoas deixarão de ouvi-lo para ler seu texto. Assim, segundo o professor Iglesias, o ideal é manter entre seis e doze linhas em cada slide. Isso também permite que em um mesmo slide seja inserida alguma imagem sem detrimento da qualidade de visualização e leitura das idéias. E não use caracteres pequenos demais; o ideal é que todos possam ler perfeitamente o que está escrito de qualquer ponto da sala.

Além de uma imagem fixa, também é possível utilizar um vídeo na apresentação, sempre cuidando para que o mesmo seja relevante e que não tome o tempo que se deve reservar para a fala e a apresentação dos slides.

Outro detalhe a observar são as animações de slides: evite aqueles sons incidentais, os quais soam cada vez que o aluno chama um novo campo de texto ou imagem em sua apresentação. Quanto as setas, textos e traços que porventura ganhem movimentos, zele para que não sejam demasiado lentos, de forma que as pessoas – e o apresentador – precisem aguardar que o Power Point organize os elementos na tela. Acredito que aqui também vale a máxima “menos é mais”, o que valoriza a simplicidade. O que os presentes querem ver é o resultado de sua pesquisa, não seu conhecimento das funcionalidades do software.

Lembrando que a apresentação dura um determinado tempo, digamos cerca de dez minutos, é extremamente importante não de deter na introdução em demasiado. Afinal, você desejar compartilhar suas conclusões, não é mesmo? Por isso, não dispense os ensaios para a apresentação, solicitando que amigos ou familiares assistam, tanto para ajudá-lo com o tempo no relógio quanto para indicar os pontos positivos e negativos de sua fala e de seus slides. Ao ouvir uma listagem de pontos a melhorar, não se magoe. Use estas opiniões para se realimentar, melhorando a forma de apresentar-se.

Desde já, vamos antecipar alguns equívocos conhecidos. O primeiro é a impressão de que o aluno não vai chegar à conclusão de sua apresentação até o final de seu tempo, posto que ele detém-se em um determinado slide por um período que deveria ser utilizado também para os posteriores. Corre-se o risco de que os slides finais sejam mostrados quase como flashes fotográficos, comprometendo a qualidade da apresentação oral como um todo.

Um segundo equívoco é aquele cometido pelo aluno que, ciente do tempo exíguo, fala como uma “metralhadora”, ou seja, rápido demais. E o que ocorre ao falarmos de forma acelerada? Não damos ênfase a ponto algum de nosso trabalho, além do que dificultamos o entendimento de nossa pesquisa e conclusão. Se uma apresentação transcorre sem destaque, sem ênfase, intui-se que tudo é igual, que tudo tem a mesma relevância, geralmente baixa. A apresentação tem que criar “um clima”, precisa ter algo de teatro – não confundir com fazer graça – trazendo deste o ritmo que lhe é característico, com expectativa voltada para o que está por vir em função dos dados bem colocados.

Também é interessante apontar, literalmente, para o que se deseja destacar no slide. Isso pode ser feito com uma caneta laser ou apontador (semelhante a uma antena ou régua), algo que evite o aluno de usar seu braço em frente do slide, projetando sombras e, a bem da verdade, comprometendo a visualização do mesmo.

E o fechamento? Tem que haver, no mínimo, um slide exclusivo para a conclusão da pesquisa. Neste, deve-se mostrar o seu resultado, seguido de uma última projeção, na qual se pode indicar a continuação do trabalho, ou seja, como o resultado da pesquisa continuará a fazer parte do cotidiano de uma determinada sala de aula, escola ou comunidade.
Espero ter auxiliado, colegas, de algum modo para nosso próximo workshop. Suas dicas e/ou comentários serão muito bem-vindos no espaço abaixo. Sintam-se à vontade para compartilhá-los.

Um comentário:

Simone Bicca Charczuk disse...

Oi Elci, muito legal compartilhares com os colegas essas dicas publicadas pelo colega. Acredito que pode ajudar a todos na elaboração do trabalho do workshop. Abração, Sibicca