quarta-feira, 19 de maio de 2010

Inclusão social e exclusão na aprendizagem

Sabemos o quanto é importante para as pessoas com necessidades especiais terem acesso ao ensino regular. Entretanto em determinadas situações ou até mesmo órgão que regulamentam a inclusão ocorrem algumas disparidades que pouco ou nada contribuem para a aprendizagem e rendimento de determinados alunos com necessidades especiais. Os casos mais comuns na rede de Ensino onde atuo são os de chamados promoção, ou seja, no conselho de classe o professor titular é questionado se diz que o aluno é de inclusão, pronto, é induzido a dar a nota média. Na maioria das vezes não é olhado para o todo, pois se um aluno tem, digamos uma imaturidade, tanto cognitiva quanto de relacionamento, qual será o aproveitamento deste aluno numa série com exigências maiores, tanto no sentido comportamental, quanto de aprendizagem.

Tenho uma aluna que conheci no início de 2009, tem problemas sérios, tanto de aprendizagem quanto de risco social, foi abusada sexualmente por volta dos 5 e 6 anos, teve encaminhamento e atendimento a partir do segundo ano, mas no segundo semestre de 2009 sofreu abuso novamente. Ao final do ano foi promovida, é minha aluna de quarto ano, pré-silábica, não gosta de realizar atividades diferentes dos demais, por mais que sejam mais adequadas para suas necessidades. Ela, como tem baixa auto estima precisa sentir-se igual, nem que para isso ela faça só bolinha e imitações da escrita, segundo o que ela acredita ser a realização das atividades.
Percebo que há um esforço da parte da aluna por acompanhar a turma, tento ajudar, dando folhinhas com atividades diferenciadas, mas quando vejo, ela deixa de lado essas atividades e procura fazer o que todo está fazendo. Constatei que o relacionamento dela com os colegas do início do ano para cá melhorou significativamente, ela está bem mais comunicativa.

O que realmente me angustia é perceber que se ela estivesse num terceiro ano poderia acompanhar melhor e realmente fazer parte da inclusão na aprendizagem. Se continuar assim, a tendência é só aumentar a diferença no nível de aprendizagem que ela por si mesma irá sentir excluída, pelo fato de não conseguir realizar pelo menos parte do que a maioria faz.

Posso estar equivocada, mas a inclusão em que acredito não é feita dessa forma, onde um professor tem turmas com quase 30 alunos, com inúmeras dificuldades tendo que atender de forma inadequada alunos de inclusão, que somente pelo fato de serem de inclusão são promovidos aleatoriamente.

Um comentário:

Simone Bicca Charczuk disse...

Oi Elci!! São interessantes os teus questionamentos, pois nos leva a refletir sobre o sentido da inclusão... Abraços!!